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AS VIVANDEIRAS E O MARCOLA DO P.C.C.

9 de October de 2009




Ao tomar conhecimento de seu futuro endereço, o bandoleiro Marcola fez questão de saber do clima em Catanduvas: “Subtropical úmido, com verões quentes, geadas pouco freqüentes, chuvas nos meses de verão. No verão, temperatura sempre superior a 22ºC; no inverno, mínimas inferiores a 18ºC”, respondeu o carcereiro. Marcola então retrucou: “Quero saber o clima entre os catanduvenses, imbecil!”.
É de apreensão o clima em Catanduvas – município a 60 quilômetros de Cascavel, na Região Oeste do Paraná –, desde 23 de junho último, quando foi inaugurada a Penitenciária Federal que vai receber a lista dos bandidos mais perigosos do País.
Marcola é um marginal letrado. Da leitura pode saber que Catanduvas é ligada a São Paulo pelo fio da história. Uma terra de Deus ocupada desde os tempos da fundação da Colônia Militar de Foz do Iguaçu, em 1889. Foi povoada graças ao fluxo migratório sulista, gente à procura de terra boa. Barro Preto, foi o nome de batismo; depois Catanduvas, que tem origem na língua tupi: Kaa’t-duba, local de mato ralo, mirrado ou de cerrrado.
Era um fim de mundo que só entrou no mapa do inferno graças aos paulistas, bem como agora se pretende. Em julho de 1924, uma rebelião militar em São Paulo, comandada pelo general da reserva Isidoro Dias Lopes, detonou o “Levante tenentista”. Ontem, como hoje, São Paulo parou. O presidente Arthur Bernardes botou as tropas nas ruas e ordenou bombardear bairros operários. Após muitos saques, incêndios e leite derramado, os revolucionários tenentistas abandonaram a Paulicéia Desvairada. Escorraçados, sob o comando de Isidoro partiram para o Oeste.
Em setembro do mesmo ano, os tenentistas se aquartelaram em Catanduvas, ali cavaram trincheiras, deitaram tralhas e as “vivandeiras” armaram suas camas. Em abril de 1925, tropas legalistas comandadas pelo legendário Cândido Rondon venceram a batalha de Catanduvas. Em farrapos, os adeptos do “Levante tenentista” debandaram para Foz do Iguaçu e nas cataratas se uniram às tropas da Coluna Prestes, lideradas pelo capitão Luiz Carlos Prestes.
Mesmo inscrita na história da Coluna Prestes, Catanduvas não sente saudades do passado, não espera saudades do futuro. O tempo está cobrando pedágio.
250 agentes foram convocados para trabalhar na nova Penitenciária Federal e a lista de nomes dos chefões da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), a caminho de Catanduvas, é encabeçada por Marcola e seus homens de confiança, entre eles Orlando Mota, o Macarrão.
No rastro do bando, as vivandeiras.

Canção da Vivandeira, colaboração do Ligeirinho

Quem a vida quiser verdadeira / É fazer-se uma vez vivandeira / Só na guerra se matam saudades / Só na guerra se sente o viver

Só na guerra se acabam as vaidades / Só na guerra não custa morrer

Ai que vida, que vida / Ai que sorte tão bem escolhida

Ai que vida que passa na guerra / Quem pequena na guerra viveuQuem sozinha passando na terra / Nem o pai, nem a mãe conheceu

Quem a vida quiser verdadeira / É fazer-se uma vivandeira

Ai que vida é esta que eu passo / Com tão lindo gentil mocetão / Se eu depois da batalha o abraço / Ai que vida pro meu coração

Que ternura cantando ao tambor / Ai amor, ai amor, ai amor

Que harmonia tem a metralha / Derrubando fileiras sem fim / E depois, só depois da batalha / Vê-lo salvo, cantando-me assim

Tuas marchas te fazendo trigueira / Mais te amo gentil vivandeira

Não me assustem trabalhos da lida / Nem as balas me fazem chorar / Ai que vida, que vida, que vida / Esta vida passada a cantar

Que eu lá sinto no campo o tambor / A falar-me meiguices de amor

Mas deixemos os cantos sentidos / Estes cantos do meu coração prestemos atentos ouvidos / Rataplão, rataplão, rataplão

Rataplão, rataplão, que o tambor / Vai cadente falando de amor.

(Canção da Vivandeira, de autor anônimo)

Desde a Guerra do Paraguai, vivandeiras eram as mulheres que seguiam o rabo do Exército brasileiro.
Na Coluna Prestes elas também tomaram suas posições na retaguarda.
Mulheres velhas de guerra, muitas delas viúvas do Contestado.
Acompanhavam a coluna, porém não eram reconhecidas pelo comando da tropa. Saias permitidas ao longe, o repouso dos guerreiros.
Além das tarefas no leito, as vivandeiras serviam na cozinha e cuidavam dos feridos. No pleno combate, juntavam as crianças e se protegiam na brenha do mato.
Soldados em marcha, quando a tropa fazia prisioneiro eram as vivandeiras que faziam o serviço macabro, dar fim ao acorrentado.
Em troca, tinham seus privilégios: antes da degola, essas donas, pobres donas, faziam um sorteio para saber quem seria a mulher a deitar com o inimigo para uma noite de sexo, o derradeiro suspiro de amor; e depois matá-lo a golpes de facão.
Com a colaboração compulsória de Dante Mendonça (do Jornal o Estado…mas não é o Estadão é o Estado do Parana.)

Leia mais sobre as vivandeiras na proxima edição

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Ligeirinho, agora com balas traçantes aqui no Vietnam…