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KEYNESIANOS

27 de November de 2008




. Podemos dizer que a crise econômica atual é nada menos do que uma crise de excesso de oferta de crédito e confiança no mercado financeiro.
Extrema euforia no mercado financeiro seguida de crise.
Isto não é novidade, já aconteceu outras vezes e por vezes ainda acontecerá. Tudo isto faz parte dos ciclos econômicos, a economia cresce, todos os agentes se tornam cada vez mais eufóricos e cada vez mais aumenta seu interesse na acumulação de capital, mas é ignorado o fato de que crescimento econômico tem limites. Os não-keynesianos afirmam que a economia deve caminhar por si só, se auto regulando, que os próprios agentes irão automaticamente se ajustando, e a economia absorvendo estas mudanças. Esquecem, porém, que não há limites para especulação, todos querem ganhar cada vez mais e mais, o pensamento se torna individualista, não se pensa nas conseqüências de determinadas aplicações financeiras, se pensa apenas nos resultados gerados em curto prazo. Isto tudo serve para explicar o cenário em que a economia se encontrava instantes antes da crise, aplicações em dezenas de espécies de derivativos de alto risco, especulação sem limites, aplicações em mercados altamente rentáveis, porém altamente arriscados.
Em meio a toda esta euforia e liberalismo na economia americana, instituições começaram a procurar mercados mais lucrativos. Com o mercado imobiliário americano em alta, acabam por achar a solução. Começam a fazer investimentos em subprime – contratos de financiamento de imóveis de alto risco (hipotecas), em outras palavras, dinheiro emprestado a pessoas que, em tese, não teriam histórico confiável de crédito, nem boa situação ou boas perspectivas profissionais, e por conseqüência estabilidade financeira para conseguir pagar suas obrigações – e começam a ter lucros altíssimos por conta disto, devido à falta de exploração deste mercado, altos juros cobrados e um enorme contingente de tomadores deste tipo de empréstimo. Além disto, para atrair cada vez mais tomadores, se utiliza de alguns “artifícios”, como criar taxas de juros crescentes – baixíssimas no começo do contrato, e depois bem mais altas no final do contrato, a fim de “maquiar” os custos e faze-los acreditar que conseguiriam pagar as obrigações, quando na verdade depois de algum tempo os juros aumentariam bruscamente e a inadimplência se tornaria mais provável.
Em pouco tempo, um valor astronômico já circulava em torno de contratos subprime. Papéis lastreados em subprimes (ou securitizados) vagam livremente no mercado financeiro, a alta rentabilidade atrai diversos tomadores. O problema foi que, o fato dos bancos terem as residências financiadas como garantias de pagamento gerou uma falsa sensação de proteção, então os bancos subestimaram os riscos deste tipo de empréstimo. Então, com um desaquecimento da economia americana em meados de 2006 houve também uma onda de inadimplência neste setor, o que por conseqüência criou pânicos nos detentores dos papéis lastreados em subprime. A onda de inadimplência se alastra juntamente com o pânico dos posicionados em contratos de subprime, o que fez com que todos tentassem se livrar o mais rápido possível destas “bombas-relógio”, causando uma extrema falta de liquidez no mercado e uma total queda nos preços destes ativos.
Diversos bancos e financeiras grandes fortemente posicionados neste tipo de papel sofrem, logo de cara, enormes prejuízos. Com o tempo, utilizando dinheiro em caixa para cobrir o rombo, estas empresas começaram a falir, o que espalhou ainda mais o pânico. O mecanismo já havia sido disparado, o excesso de liberalismo econômico causou um retardamento na tomada de medidas para conter a crise, e quando medidas começaram a ser tomadas já era tarde demais. De alguns meses para cá, adotando medidas bem keynesianas e uma política bem mais intervencionista, o governo americano tenta salvar os bancos disponibilizando divisas para cobrir os prejuízos, tenta estimular e voltar a aquecer a economia e eliminar aos poucos o estado de pânico dos agentes.
É fato que a economia já sofre com muitas seqüelas e mudanças drásticas, diversos bancos de investimentos totalmente “sólidos” quebraram, ações na bolsa de valores despencaram em todo o mundo, empresas multinacionais já providenciam cortes no quadro de funcionários, férias coletivas, contenção de gastos e outras medidas que acaba por diminuir a demanda agregada e esfriar a economia, o que, neste cenário atual, é o que menos se quer. Resta agora esperar por prudência e agilidade na tomada de medidas para acabar, paliativamente, com esta crise.

COLABORAÇÃO DE V.H.Boscariol Ferreira