PMs corruptos viram consultores do crime
23 de abril de 2012
Categoria: Geral, Polícia, Segurança Pública e outras coisitas mais… !
Da lavra de WILLIAM CARDOSO
O crime organizado criou um novo bico para PMs de São Paulo: o de consultores de risco.
Nessa função, policiais fazem o papel de olheiros de quadrilhas especializadas em arrastões a condomínios e roubos a caixas eletrônicos.
Usam o acesso aos equipamentos de rádio da PM para avisar os bandidos, por celular, quando algum policial fora do esquema se aproxima do prédio ou do banco durante a ação dos criminosos.
Neste ano, duas investigações já flagraram a participação de três policiais militares acusados de dar cobertura a ladrões durante os assaltos, mas existe a suspeita de que outros também estejam envolvidos.
No ano passado, 20 PMs foram detidos por colaborar com quadrilhas que furtavam caixas eletrônicos – apenas dez continuam presos. “O crime está apelando cada vez mais para a informação e depende, também cada vez mais, das dicas de quem está por dentro.
É necessário fortalecer os grupos que combatem o crime organizado dentro das instituições policiais”, afirma o coordenador do Observatório de Segurança Pública da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp), Luís Antônio Francisco de Souza. Desde 2008, a PM tem usado rádios comunicadores digitais, que dificilmente seriam interceptados por ladrões.
Por isso, as quadrilhas passaram a aliciar PMs corruptos, que as mantêm informadas. São eles que avisam quando o roubo é descoberto porque um vizinho ligou para o 190, por exemplo. Também avaliam os riscos de um assalto ser malsucedido e alertam sobre o patrulhamento na área do roubo.
Um PM bem informado poupa o trabalho que caberia a pelo menos quatro bandidos: o de contenção durante eventual fuga.
Também sai mais barato, porque são três a menos para dividir o que foi roubado. Em março, por exemplo, um protesto de professores nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes deslocou o efetivo para o Morumbi e obrigou o PM envolvido com a quadrilha a sugerir que os ladrões abortassem o assalto a uma residência porque a área estava cheia de viaturas.
Investigação
Neste ano, duas investigações levaram a PMs suspeitos de cooperar com quadrilhas.
Na 5.ª Delegacia do Patrimônio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o cabo Dario Roberto do Carmo, do 26.º BPM, foi flagrado em escutas sugerindo a uma quadrilha o nome do soldado Alexandre Siqueira, do 45.º BPM, para um “bico” na Chácara Klabin.
O trabalho era monitorar o arrastão a um prédio na Rua Pedro Pomponazzi, que terminou com a prisão de 15 pessoas em uma operação da Polícia Civil no dia 7, horas antes do assalto. ::
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