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Os bons policiais estão há tempos amedrontados, envergonhados, desiludidos e contam ansiosamente, os meses e dias para se aposentarem.

16 de October de 2009




O cerne do problema é que a atual gestão administrativa e organizacional da segurança pública, na megalópole do estado de São Paulo e de suas principais cidades do interior, encontra-se totalmente superada, paralisada e – principalmente – desmotivada. Esse modelo que até segunda-feira, dia 12 de outubro de 2009, tinhamos no DECAP, se exauriu na década de 80. O crescimento populacional, a realidade do choque econômico-cultural tornaram o modelo plantão de cinco equipes e chefia em horário de expediente inexequíveis para o enfrentamento do crime. Principalmente quando temos uma total separação entre a “elite” das chefias, principalmente focada em arrecadação de vantagens econômicas e pessoais indevidas e a turma do “baixo clero” que são as equipes plantonistas, relegadas ao papel de mero registradores de ocorrências, praticamente sem ligação entre o setor de investigação e a cartoragem burocrática. Junte-se a isso, um baixo salário, péssimas condições de trabalho, falta de estímulo e ausência de reconhecimento por parte da hierarquia e da população. Temos o quê? Policiais deprimidos, alcóolatras, ausentes, desinteressados, etc. E o pior: Das originais cinco equipes, por ausência de funcionários, baixou-se para quatro e até três equipes em plantão! Ou seja: O buraco fica cada vez mais negro! Isso está mais do que provado que é um sistema falido e arcaico. No entanto, a Administração Pública jamais se preocupou em investir seriamente no bom atendimento à população. Para quê? A Polícia Militar, com seu carnaval de viaturas e policiais fantasiados de cinza, empresta uma falsa sensação de segurança à população, ao aparentar uma repressão ostensiva que na verdade só funciona em relação aos “crimes de pobres”, quando isolados; pois os “crimes de ricos” ficam despercebidos ou são – quando muito – combatidos (ou extorquidos) pelos policiais civis de Departamentos Especializados. Lembram-se dos ataques do PCC ? Foram “crimes de pobres”, mas praticados de modo não isolado e sim simultâneos, o que revelou o colapso de todo o aparato de segurança pública. Hoje, o infeliz cidadão que precisa de um atendimanto policial para solucionar um crime do qual foi vítima, precisa ter no mínimo, um desses três fatores: 1- Muito dinheiro, 2- Influência Política e/ou Social, 3- Sorte. Muita, mas muita sorte! O governo do PSDB tal como o PMDB ou outro “P” qualquer, no Estado de São Paulo, jamais se interessou pela Polícia Civil ou Militar, posto que ambas detém um cartel de interesses políticos e econômicos que interessa aos governos que perdure. Nesse sentido, a Polícia Militar mantém uma hegemonia absurda e unânime, totalmente contrária a qualquer tendência hodierna no mundo ocidental, em qualquer estado de Direito, em manter uma organização policial com regime militar !!! Observem que há uma brutal, gigantesca e abismal diferença entre a existência de uma polícia uniformizada e disciplinarmente organizada nos moldes de um severo regimento militar ( a “nossa PM”) e a mantença de um setor policial ostensivo uniformizado para-militar, subordinado e integrado a uma organização civil, hierárquica e organizacionalmente dirigida por especialistas formados em segurança pública. ( e não promotores, advogados, juízes ou professores de Direito Contitucional ou corte e custura…) A Polícia Civil de São Paulo está asfixiada, arroxeada e esganada e o laço cada vez se aperta mais. A ingerência política é nefasta, acintosa e acachapante. Os bons policiais estão há tempos amedrontados, envergonhados, desiludidos e contam ansiosamente, os meses e dias para se aposentarem. Os maus policiais estão se aproveitando como nunca, parecendo prever que o fim está próximo! Nunca antes se teve tanto conhecimento dos péssimos antecedentes de policiais, alguns hoje em órgãos de direção, que fariam corar de vergonha o então “terrível” bandido da luz vermelha ! Eu quero asseverar que nunca fui “santo”, mas no “meu tempo de polícia”, bandido era bandido e polícia era bandido. Quando desbaratávamos uma quadrilha de roubadores de bancos, trocando tiros madrugadas afora, subindo em morros e metendo pé na porta de barracos, na chuva, disparando nossos 38″ de números raspados nos ladrões que ousassem “se coçar” para nós, muitas vezes ainda encontravamos um ou outro maço das velhas notas de cruzeiros, muitas com pingos de sangue. Separávamos algumas das mais graúdas para pôr nos nossos bolsos, como uma forma de autorecompensa dos riscos que passamos e levávamos os vagabundos e a res furtiva, as armas e um ou outro ladrão morto na resistência, para a Autoridade Policial de plantão no velho DEIC da Brigadeiro. Se cruzassemos com alguma viatura da papamique, ao nos identificarmos em nossa veraneio descaracterizada, éramos respeitosamente saudados e cumprimentados. Hoje, vemos com dor no coração que policiais civis de bosta, ao encontrarem criminosos, perdem a chance de uma bela cana e se tornam, se não sócios minoritários, umas pobres e estúpidas “vítimas” de futuras chantagens desses vagabundos. Acabam no PEPC com a reputação destruída e com a imagem da Instituição mais e mais arranhada. Já fui ouvido em audiência judicial onde o ladrão, cheio de vestígios dos “paus” que tomou – não para confessar os crimes que nós já sabíamos – mas porque ele mesmo pedia para levar, pois não podia entrar na carceragem “limpo e inteiro”, sob pena de ser condenado à morte pelos seus comparsas como cagueta dos “home”; e o juiz perguntar se ele apanhou ou foi torturado para confessar e o Ladrão, ( com “L” maísculo) negar com força e de nariz empinado;” Não, dotô. Não apanhei de ninguém não. Eu que caí da escada!” Hoje? Hoje o vagabundo diz que o polícia lhe tomou 10 centavos e o polícia vai em cana ! Bem…Voltando assunto do atendimento em plantão: Por tudo o que eu escrevi, eu até vejo a tentativa do Dr. Marcos, Diretor do DECAP, por outro ângulo: Dentro do possível, ele está tentando reverter ou alterar a arcaica situação. Tal qual o Dr. Angerami, quando também Diretor, assim tentou, ao determinar que as chefias das Delegacias fossem extintas e que tudo se transformasse em um enorme “plantãozão”. Não deu certo, como não vai dar certo a atual tentativa. Mas não se pode culpar um dirigente por ao menos tentar, posto que a autonomia de um Diretor, dentro de uma estrutura dominada por antagonismos visceral do governo e dependência política servil de resultados puramente de palanque eleitoral é pública e notória. Mas eu os admiro. Quantos dezenas de outros passaram e nada fizeram, apenas arrecadaram? É fácil ficar em cima do muro e jogar pedras, difícil é ir lá e fazer. Ninguém mais na Polícia Civil acredita, em seu íntimo, ( salvo os inimputáveis e os calças brancas idealistas), que a atual estrutura tem algum futuro. Cedo ou tarde terá que mudar. Aliás está demorando muito já. Pobre de nós.

Do Anonimo lá no Flitparalisante

http://flitparalisante.wordpress.com/

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Ligeirinho, agora com balas traçantes aqui no Vietnam…